Passeio à feira do rato

*Imagem tirada do Blog Oficina de Estilo


Três coisas me estimulam a criatividade e me dão imenso prazer: feiras, mercados e brechós. Pois bem, numa folga qualquer, resolvi que ia conhecer o já tão citado "mercado popular" de Maceió.

Vesti o disfarce pra chamar menos atenção do bronzeado norueguês, já que eu ia ao Centro da cidade. Camiseta, bermuda surrada, chinelo. Tirei todos os pertences, amarrei o cabelo em coque e fui.

O objetivo inicial era parar nas Lojas Imperador (as barateiras), mas não rolou por falta de tempo mesmo. Se eu parasse lá ia me entreter com aquele monte de tecidos estampados loucos por 2 reais e não saía mais pra ver o mercado.

Eis que chego no endereço. Uma poluição só: sonora, visual e tinha a literal também, lixo por todos os lados, cheiro de podre, enfim. Procuro um lugar para estacionar, apesar de realmente assustada com o lugar, ainda decidida a entrar, já que ainda assim, parecia excitante. Olhe que tenho knowhow com feiras, mercados, centrão, essas coisas. O Beco da Poeira de Fortaleza sempre foi total moleza pra mim.

Falta vaga, resolvo entrar na rua à direita em busca de uma baliza. Eis que uma perpendicular me leva a um lugar que nem sei até agora onde é. Estou eu, perdida, bem próximo ao mercado, no meio da feira-lixão-bagunça-multidão. Dentro do carro, senti medo, susto e susto denovo.

Me olhavam por dentro do vidro. Queriam mesmo saber o que uma mulher sozinha dentro de um carro fazia ali, no meio daquele lugar. Um monte de homem que gritava ao mesmo tempo, como que deseperados pelo fim do mundo. Gente andava por todos os lados entre o lixo, era esgoto a céu aberto, ruas estreitas sem calçamento, com carros estacionados, burros e jumentos ruminando nas calçadas, e ... não consigo descrever tudo aos detalhes, mas era a imagem do caos.
Quando eu achava que já tinha visto tudo, eis um rebanho de porcas sujas (bastante sujas), umas dez, acompanhadas de seus filhotes, rasgando sacos de lixo e destroçando os restos de frutas e verduras. Sentia uma total desproteção e vulnerabilidade. Como se tudo ali estivesse por um fio.

Antes dos suínos aparecerem eu já havia decidido que queria apenas encontrar a saída dali. Apenas. Descer do carro? Jamais. Mas nada daquele trilho desaparecer da minha frente. Para onde eu dobrava, tinha o trilho, e ao redor do trilho mais gente, mais lixo, mais feira, mais tudo.

Eu sabia pra que lado ficava o mar e tentava a todo custo avistá-lo, mas só me aparecia o tal do trilho, como se ele tivesse me enrolado ou me envolvido em um labirinto do terror.

Desconfiei que estava perto da famosa "Feira do Rato". E eu realmente não queria ir na "Feira do Rato", assim, tão involuntariamente.

Decidi que não adianta querer sair tanto do mundinho monótono assim na louca, numa fantasiosa e pueril diversão de uma tarde criativa qualquer. Infelizmente o mundo é perverso e não tão romântico e animadinho ou dado a estimular a criatividade como eu, hipocritamente pensei.

Não saber ao certo em detalhes para onde está indo, pode ser perigoso, bastante perigoso, ou mesmo, esquisito.

Foi aí que achei a saída para o meu mundo inerte e supostamente seguro. Esqueci o estímulo à criatividade, fui num Frans Café recém inaugurado, comi um monte de coisas gordas; depois fui no salão pintar a unha com o Rosa Pink da Risqué.

Comentários

  1. hauahuahuahauhauhauahuahauahauhauhauahauhauahuha! tadinha da bibinha!
    amiga, se perder vc não ia. o importante é ter calma numa hora dessas e saber que se tem gasolina no carro, em algum lugar vc chega. desesperar só coloca a gnt cada vez mais dentro do labirinto. boto fé de tu ir outro dia lá. de ônibus, de preferência, pra aprender o caminho.

    e, às vezes, não saber pra onde está indo, pode trazer lindas surpresas, imagens maravilhosas e encontros felizes =)

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  2. hahahahaha
    Eu me lembrei exatamente daquele dia em que vc me levou no beco da Poeira... Não que eu tenha sentido esse medo todo, pq eu realmente não senti... Mas lembrei da sua empolgação me mostrando as coisas... kkkk

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  3. Saudade, Mary...
    das discussões sobre aplicação da língua portuguesa, das divagações sobre o sexo dos anjos, coxinhas oleosas de rua e etc e dos chopinhos fora de hora...

    Beijooooo

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