Aprendizagem sobre o amor

Montagem de Patrícia Araújo




Há alguns anos, participei de um seminário organizado pela Facilita, uma consultoria de criatividade muito bacana, e ouvi lá uma história verídica, muito bonita, contada de forma espontânea por um homem que estava participando do seminário como eu. Voltou-me à memória agora e fez lembrar de algumas dívidas que tenho.

Ele é um senhor de setenta e poucos anos e foi nos contar como descobriu o significado do amor.

Sua mãe estava doente e triste. Ele tinha uns quarenta e poucos anos, tava no auge da vida adulta, trabalhando, com família constituída e já tinha seus filhos. Não havia muito espaço para a mãe, que naquele tempo vivia sozinha.

Ela reclamava a ausência ou ingratidão dele na vida dela e ele já não sabia como suprir a mãe de presença. Eis que concluiu que precisava ocupá-la. Ao invés de matriculá-la em cursos, ele começou a pedir a ela favores.

“Mamãe, eu tenho um evento no trabalho e prometi levar o seu bolo de fubá. A senhora vai ter que fazer o seu bolo de fubá hoje a tarde pra eu levar amanhã de manhã”.

“Mamãe, eu preciso que a senhora passe a minha camisa pra uma reunião que eu tenho importante na firma."

"A esposa está desejando seu doce de banana, a senhora pode fazer e deixar aqui em casa?"

"Mamãe, preciso que você fique em casa hoje acompanhando as crianças, quero que fique de olho se eles vão fazer a tarefa.”

Começou a enchê-la de pedidos e solicitações. Daí que ela voltou a reclamar dele da forma de sempre: “Esse menino não cresce, me dá trabalho até hoje, não pode viver sem mim.” Aquelas coisas de mãe. ..

Ele descobriu que quando a gente ama, a gente se ocupa e se preocupa com o outro. O maior gesto de amor é permitir que o outro se ocupe de você, cuide de você.

Cheguei de madrugada de uma viagem cansativa e que me deixou bem chateada e insegura. Outro dia dedico um post a descrever o ocorrido. Mas caí nessa reflexão, quando cheguei na rodoviária sozinha, cansada, com medo, sem ninguém pra me buscar ou reclamar de mim.

A gente cresce a está sempre procurando não depender de ninguém, não ocupar nem preocupar ninguém. Até perceber que quando a gente não precisa mais de nenhum outro, é porque a gente desaprendeu de amar.

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