O rei e a primeira dama


Bem, gargalhadas: o ingresso do show do Reginaldo Rossi por R$50 e eu ali na bilheteria, já com o cartão encaixado na maquininha. Não havia outra forma de começar a programação daquela noite senão às gargalhadas.


Só em Maceió um show do grande rei do brega custaria tudo isso. Seria uma forma de selecionar o público, pensei. Afinal, sabemos (ou nem sabemos tanto assim) o brega se afirma mais fortemente entre os menos abastados.


Não, não era essa estratégia. Tinha gente de todo tipo por lá. Cada dois passos, você se deparava com uma nova faixa etária, classe social e life style. O mundo inteiro estava ali dentro: emos, forrozeiros, piriguetes, chacretes, moças diretas, moças duvidosas, evangélicos, muçulmanos, alta classe alagoana, sexagenários, septagenários. Era a definição mais fiel de um lugar "mixturado", como costumamos denominar no Ceará. O que me fez logo concluir que não havia mesmo outra forma de denominar Reginaldo Rossi senão Rei! Rei da gente toda do mundo.

Quando achava que já tinha visto todo mundo do mundo, ali do lado, Roseane Collor, sim, a ex-primeira-dama-impechmada sendo cantada por uma menino de 18 anos. Que depois concluímos que devia ter 21 mesmo. Ali, em look sempre duvidoso, pra não fugir a regra, e belas madeixas loiras gritantes.


Ainda em recuperação pelo privilégio de conhecer ao vivo a tão citada dama da sociedade brasileira, seria muito previsível que surgisse também Tereza Collor. Ou Renan Calheiros, ou quem sabe, Heloisa Helena, pra falar em personalidades alagoanas. Bem, eis que quem aparece é Eri Johnson no palco cantando alguma música de Aviões do Forró.


No intervalo entre o show que abriu a noite - de uma personalidade que se auto denominava O Galã - antes de começar Rossi; Lady Gaga e Oasis na lista de remix do DJ.

Lá pras tantas já no show do rei, ele canta o clássico "Garçon", com preâmbulo esclarecedor:


"A música garçon foi feita para as mulheres porque em matéria de amor o homem é infiel, é mentiroso e é safado. Mas morre de medo de levar chifre".


Tamanha reflexão só podia ser seguida por qual outra manifestação surreal? - afinal, tudo fazia imaginar que eu estava mesmo numa tela de Dali.


Tchan tchan tchan tchan!


A primeira dama da noite cantando garçon no palco. Estava lá, loiríssima, desafinadamente: "aqui nessa mesa de bar", talvez pavoneando o menino de 21 anos.


Tudo é verídico. Se passou ontem a noite. Eu tento explicar e as pessoas duvidam. Tem coisas que só são possíveis viver em Maceió.


Noite boa, muito boa, regada a Bohemia, brega, lambada e boas companhias.

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