Raiz

Fernanda Meirelles


As raízes não existem assim tão obviamente. As nossas raízes estão apenas nas nossas relações com as pessoas. Quando elas estão por aí, espalhadas, uma em cada canto do mundo, fica difícil se encontrar em algum lugar, se reencontrar até mesmo no lugar que supostamente é seu.



A cidade em que você nasceu não é o seu canto. O seu canto é onde você encontra a paz e o equilíbrio de um bom convívio, que te apeteça, te estimule e te faça vibrar, em todos os sentidos.



Depois que a gente sai por aí, haverá sempre a dúvida da saudade de alguma coisa; e facilmente nos referimos à última das paradas. Mas verdadeiramente, não é de lá a saudade. É uma falta misteriosa de você. Como se você só pudesse se restabelecer se conseguisse catar cada pedaço de você que está espalhado por aí dentro de cada pessoa, que na verdade só está dentro de você.



Tenho medo dessa saudade esquizofrênica. Porque ela parece impossível de saciar-se, cessar-se. Porque ela parece infinita e impossível em si mesma. Como se a dor fosse ser eterna até que.... até que... sei lá até o que.



Haverá outro nome a dar a isso que não, saudade. Para que não sejamos injusto com a palavra.



Haverá uma fonte de que se possa beber e acalmar em si essa torrente.

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