Podem rir.

Eu sempre tive uma opinião muito bem formada sobre celulares e telefonia móvel. Desde meu primeiro celular, ele era de conta. Eu não tinha dinheiro pra pagar muito, mas teria responsabilidade pra não estourar o plano.

Aparelho, que fosse sempre barato, pro bandido levar e não deixar ressentimentos. Podem dizer que é brega e rir em mesa de bar. Nunca sofri com isso.

Ligações, sempre de fato as realizadas: nada de binar, dar toque, 3 segundos, etc. Se quer ligar, paga por isso.

Linhas, basta uma, afinal, ninguém precisa de 3 números de celulares pra sobreviver. Também sempre me faltou paciência pra essas coisas de sair ligando pra cada pessoa com um número pra economizar os centavos. Entendo perfeitamente que alguns precisem, mas eu não nasci pra isso. Prefiro trabalhar e ter um celular da minha forma (que liga de qualquer lugar pra qualquer lugar a qualquer hora e valor).

Pra mim, celular tem que ser uma facilidade, servir pra atender e ligar quando precisar. E não pra ser uma nova demanda assustadora na minha vida - cálculos de economia, segundos contados, tensões e pessoas sinalizando que querem falar com você, mas não tem coragem (ou $) pra colocar os créditos ou pagar a conta.

Isso tudo já foi pauta de diálogos existenciais com amigas e amigos e até discussões de relacionamento.

No último mês, virei refém de tudo isso. Surra grande da telefonia em todas as minhas razões, emoções, visões e convicções telefônicas.

Isso mesmo, podem pensar "bem feito!". Num vão pro céu, não, mas podem pensar o que quiserem.

O meu Nokia avaliado no valor máximo de R$100, com todos os meus contatos e senhas de cartões, programas de fidelidade, tudo, resolve parar de funcionar. Assim, do nada. Após 34 anos de uso, ele resolve parar.

A Oi na mesma semana me faz o favor de cobrar 4x o valor da minha conta (que não é baixa); não conseguem resolver, estão me cobrando, cortaram minha linha. E eu, que tinha 1 aparelho, 1 número, me vejo isolada do universo na capital do mundo - Maceió - sem telefone.

Pra completar, a Tim, Vivo, Claro e aposto que até a aeiou, que eu nem sabia que existia, não me querem como cliente pós pago porque eu tenho débitos no mercado de telefonia.

10 anos de pós pago, me vejo com um Nokia lanterninha estridente, colocando crédito no celular a cada 3 dias, me irritando quando o crédito acaba e enfim... podem rir. Podem rir.