Aceitação


A ansiedade é a grande constante do nosso tempo e geração. Queremos tudo pra ontem, pensamos intensamente hoje em ter o algo amanhã. É trucidante, cansativo e ensurdecedor. A gente se apaixona intensamente em tudo, de hora em hora, igual resultado da Tele-sena.


O foco parece estar em tudo e a mil. Foco em emagrecer, foco em estudar, foco em trabalhar, foco em ganhar dinheiro, foco em se divertir, foco em amar, foco em viver de muito um pouco.


Foco. Foco. Foco.


E com os seus super poderes você acha que poderá tudo o que quiser agora. Dará-se um jeito. Nessa, entramos numa labirintite crônica contemporânea.


A gente se apaixona cega por um fim ou por um outro e perde a razão completamente. Tanto, a ponto de achar possibilidades impossíveis numa relação ou possibilidade que é dada ao fracasso desde o seu não-princípio. E na ansiedade, a gente quer tudo ao mesmo tempo e hora, cria manobras radicais pra permitir e buscar o racionalmente insano.


Bem, quando passa o redemoinho da paixão, dá pra olhar praquilo tudo e voltar a si. Ver de longe as sandices e conseguir enxergar melhor de fora. Enxerga quanta besteira é capaz de concretizar-se por uma paixão-ansiosa.


Concluo, a super ansiedade e os nossos pseudo-super-poderes não nos deixa discernir ou nos tira a sensibilidade sobre o que está no tempo, o que é pra nós, o que cabe no curso de nossas vidas.


Quando a gente deixa o tempo passar, vê o filme voltar, deixa a razão entender, talvez fique mais claro onde pisar, talvez o próprio tempo mude o curso das coisas e o torne possível. A paixão não será tanta e te deixará opinar, e - se fundada - não será tão pouca que não possa voltar.


E tudo se resolverá da melhor forma, qualquer que seja ela. Tudo se resolverá na tranquilidade de quem não busca a todo custo um resultado. Mas na segurança de quem busca o melhor; pra si, pro outro e pro tempo.


Aceitemos quando não for tempo, quando não for hora, quando não der jeito.

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