"Eu era feiôôôô...."


Estar em Fortaleza é tempo de ouvir forró. Forrozão dos pesados, que falam de amor, da forma mais modernoza, hard core: amor com chifre, amante, farra, uísque e redbull. Amor em que o dinheiro é personagem (como o carro, a escova, a academia...) e que o machismo se representa nu, sem as reservas do polido. No entanto, nesse amor a mulher não perde, tal como Capitu, o seu poder, malícia e formas de imperar.

Eu curto esse estilinho de forró. Me remexo sempre, igualzinho ao efeito que Raça Negra e Beto Barbosa tem sobre mim. Me interesso pelas bandas da vez, quero saber qual a música do momento...

As temporadas na quente Fortaleza servem para renovar as energias forrozeiras, para investigar o novo-qualquer trabalho do Aviões e da grande indústria do forró que se matura a cada dia no estado. Aproveito pra observar o imaginário das músicas ... e retomar a vontade de passar uma noite inteira dançando no Forró no Sitio.

Viajando um pouco no fantástico mundo das músicas...

"Eu era feioooo/ Agora eu tenho carro ôôôôô"

"Preto se você me der amor,/ Tudo de mim você terá/ Preto, se você pisar na bola,/ Boto outro em seu lugar/ Porque o carro é meu/ O celular é meu/ O silicone é meu/ Não foi você quem deu"


(Sem os créditos porque elas tem sempre origem oculta... difícil saber de quem é letra e música, mas se virou forró, é forró.)

Personagens de um mesmo cenário, antitéticos até, vão se auto afirmando, um através do outro, um no outro, um com o outro. Em toda a "poesia", aparece a diversidade das relações.... a mulher independente, a mulher interesseira, a dependente, o homem descartável, fútil, o homem macho, forte e cheio de poder.

E o celular, o silicone, o carro...e o carro.

Gosto de tudo isso... é denso porque é raso e cru. Tem um quê de verdade(s) (múltiplas) que não dá pra ignorar.

Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas