Presentear



Presentear me gera muitas idéias. Nunca sei se preciso ou não fazê-lo, mas também fico a pensar: como serei interpretada se sim ou se não?

Quem presenteia espera que seja aprovado. Quem recebe tem que se esforçar pra aprovar. E passa a se sentir na obrigação de aprovar também. E de retribuir.

O presente é como a materialização de sentimento ou gratidão ou atenção ou emoção e pra mim é bem complicado pensar em materializar sentimentos. Como que tornar o abstrato concreto.

Não que eu não goste de presentear. Mas eu não gosto de me obrigar a isso. Não gosto da idéia de ter que presentar no Natal, nos anivesários e momentos xyz.

Também não gosto de ver as pessoas desembalando os presentes no dia seguinte. Cada presente desembalado gera uma interpretação sobre quem é cada pessoa e o que elas sentem por você.

Presente brega,esquisito, barato, caro.?!

Além disso, por vezes, quem presenteia, na obrigação de dar alguma coisa, acaba dando ao outro aquilo que avalia ser bom pra si. De forma que o jogo que seria de dar ao outro o que cabe a ele passa a ser uma brincadeira confusa de auto identificação ou de imaginar o que o outro tem que pensar sobre voce ao receber o agrado.

Bem, e isso é porque não entrei nas discussões específicas dos presentes como instrumento político; ou os presentes de casamento; ou de pessoas que compram vááárias coisinhas "pra presentear", como que um estoque de sentimentos ou que guardam aquilo que não lhes serve para dar a um outro.

Pra mim, presente deveria ser substituído por "lembrança". Não no sentido de "so uma lembrancinha" mas no sentido de dar ao outro aquilo que lhe faz lembrar o outro, em qualquer tempo e momento, valor e preço.

Presente deveria ser unicamente algo espontâneo, gratuito e verdadeiro.

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