Desnecessário
É estranho pensar que os dias de hoje possam ser mais perigosos e ameaçadores do que já são.
Eis que surge uma greve da polícia, isso, a policia - aquela que na vida normal quase sempre também costuma ser antagonista nos relatos das vítimas da cidade - e se instala um medo ainda maior.
O medo que na verdade não é de ninguém em específico - bandidos, políciais - é da desordem dos papéis: o medo de não saber quem está bandido, quem está polícia, quem está de oportunista na malandragem, quem está do lado de quem e quantos lados existem, enfim. O medo de ter tudo o que supostamente parece organizado, ainda mais bagunçado que antes.
Eu lembro de Saramago e do que seus personagens revelam ao perceberem-se cegos (Ensaio sobre a Cegueira) ou ao pararem de morrer (Intermitências da morte). Sempre achei genial as obras do Saramago. Já as obras da vida real, acho desnecessário.
"... penso que estamos cegos, Cegos que veem, Cegos que, vendo, não veem."
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