Supérfluo fundamental



Um e noventa, no mínimo, um negão esguios, cabeça raspada, bem vestido. 30 anos. Mais uma vaga pra loja. Iniciamos a entrevista, ele um pouco tímido, eu, concentrada... os ossos do ofício. PErguntas, respostas, perguntas, mais respostas.

Casado, 12 anos de casamento, uma filha de 3 anos "linda"! Fala ele com os olhos brilhando. "MInha mulher é um grande exemplo, ela é incrível", os olhos marejam.

A entrevista segue até eu tentar entender melhor:

- E sua esposa? Me fala sobre ela.

- A minha esposa é uma pessoa especial. Tirei ela da casa das tias, a gente não tinha dinheiro nem pra pagar a ligaçao que eu fazia pra ela. Nós casamos e ela é pra tudo. Ela me acompanha, é firme, tem uma força!! Ela é minha grande inpiração. Tudo o que a gente tem, a gente conquistou junto. Ela terminou os estudos, conseguiu um trabalho e outro e outro e ela só progride.

- E o que vocês já conquistaram juntos?

- Nossa casa, que é nossa mesmo, nossas coisas, nossa filha..., nossa vida, tudo... - 3 segundos - São pequenas coisas, sabe? Pode parecer supérfluo, mas desde que a gente namorava, ela tinha o sonho de sair de abadá com a Timbalada no carnaval e esse ano a gente conseguiu comprar o abadá e saiu.

Arrepio. Olhos marejados. Os meus. Tentei disfarçar, nem sei se deu.

A Bahia, pra entender tem que viver.

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