Viva Clodoaldo!
Fui conhecer o Congresso Nacional.
Dentre várias emoções misturadas, uma criança mal educada berrando, as obras do Athos Bulcão me impressionando e o a genialidade do Niemeyer exagerada ali, me encontro com uma ideia já recorrente quando conheci os desenhos do carpete azul do Senado, feitos pelo faxineiro da Casa, o Clodoaldo.
Num dia feliz, dia em que o filho dele nasceu, Clodoaldo resolveu usar o seu aspirador de pó pra desenhar no carpete a bandeira do Brasil. E os Senadores entraram e curtiram. E não tiraram nunca mais de lá. Dali em diante, além de fazer a faxina, o Clodoaldo tem por ofício agora, de dois em dois dias, retocar a sua obra de arte, tão vulnerável, tão penetrante e tão revolucionária pra vida dele.
Não por ele ser pobre, não por ele ser o faxineiro. Não naquela ótica óbvia do "pobre humilde que faz arte no ambiente suntuoso", eu admirei o Clodoaldo como profissional que é.
Ali, naquela Casa, bastava dos Senadores o mínimo seguido como ofício pra que o país se transformasse. E o grande profissional Clodoaldo, foi muito além do seu mínimo, e transformou por completo a sua realidade e de, alguma forma imensurável, a realidade a sua volta.
Niemeyer não incluiu a bandeira do Brasil ali naquele ambiente em nenhum formato, em nenhuma de suas linhas e curvas. E o Clodoaldo foi lá, lembrando do óbvio, e fez arte, fez o que se esperava de qualquer um, menos do faxineiro.
Me impressionou a forma de utilizar o que tinha para transformar o ambiente onde trabalhava: aspirador de pó, um carpete e um emprego de faxineiro no Senado. Só isso. Ali: tudo isso.
Clodoaldo, como tantos, ensinou o simples: não precisa ser ou ter nada de prévia para ser muito de consequência.
E o que a gente tem feito por aí?
O que a gente tem feito com os dons e ideias que tem?
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