Sou careta

Eu não tô afim de passar o tempo. Com você. Se é pra passar o tempo, me deixe escolher o que quero, me deixe dizer como prefiro.

Se é pra passar o tempo, que seja comigo mesma: nas minhas manias e no conforto das minhas preferências.

Se é de passar o tempo, ser só por hoje, que seja como gosto: de Havaianas, no cair da tarde, com brisa e praia, no silêncio da minha solidão farta e gentil, um café quente e minhas idéias soltas, livres. Que seja leve! Que seja confortável! Que seja livre!

Me desculpa, não é nada pessoal. Você não é feio nem bonito. Nem reparei direito. Só não to afim da densidade que é pra mim a sua superficialidade. A sua leveza. O seu descompromisso consigo mesmo ou comigo mesma.

Minha tarde regada a café e brisa, me acrescenta, me alimenta, me acalma. De você, eu levaria o que? O tempo? O tempo do nada? O tempo do impossível? 

Não dá pra viver sem amor! Não dá pra não amar. Dá trabalho demais me tolhir de te amar. Me tolhir de me emaranhar nos teus mistérios. Amar a granel, nunca aprendi. Não vejo charme. Não tenho graça. Não levo jeito. Pras pequenas relações.

Repito, prefiro minha tarde a cair. Meu café. Minhas Havaianas. Minha roupa de domingo. Bater um papo com a garçonete, dançar solta no salão da minha mente, com a música doce que toca; admirar a beleza do simples ou dos que estão ao redor.

Prefiro a intensidade do livre; do amor que acontece, que se permite acontecer. E eu to aqui, fazendo nada com ninguém e prefiro assim a viver quase nada para alguém. Ou passatempo. Ou tanto faz.