Travesseiro



No final da festa, ele estava sozinho.

Ele que tinha brincado, que tinha feito festa, que era o mais bonito. Que recebeu olhares e elogios. Que bebeu com euforia. Que não via desânimo, que fazia piada boba e fazia rir, que gargalhava alto, se deixava cortejar, esbanjava otimismo.

Foi pra casa cansado de tanta felicidade, deitou-se sozinho, não teve com quem dividir, não teve qualquer afago. Dormiu sozinho embaixo do cobertor gelado. Teve um sono gelado. Acordou num dia gelado. Em que ele sozinho, sem ninguém pra dividir, decidiria o que fazer com a lembrança da noite anterior: o peso de um tal otimismo ou o peso de não ter com quem compartilhar tanto sucesso.

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