Gentileza

Cadeira 29A. Uma e quarenta da manhã. Avião lotado com todos desembarcando. A minha frente o senhorzinho pára para pegar as malas no compartimento de cima. Um rapaz, que devia ser seu assistente ou parceiro de trabalho, o ajuda com a mala. O senhor aparentava ter já uns setenta anos, mas mantinha ar jovial. Bem vestido, arrumado.

Numa poltrona a frente deles, uma mulher com um bebê de já uns 2 anos, dormindo em seu colo. O senhor fala:
- A senhora aceita ajuda? - ela levaria o filho, uma bolsa de bebê pesada no ombro e sua bolsa.
- Se nao for incômodo, aceito sim.

O rapaz, sim - assistente com certeza, fez sinal de que levaria a pasta dele. Sinal de grande delicadeza: permitia que o senhor, mesmo idoso e com suas limitações, ajudasse a moça que, naquele instante, tinha mais limitações que ele. Era duplamente gentil: com a moça e com o senhor.
O senhorzinho seguiu devagar carregando a bolsa da mulher até a esteira de bagagens também assessorando-a no caminho: cuidado com a escada, fica por aqui - realmente se colocou a dispor.
Ele deveria ser uma pessoa pública, ou empresário, artista, político: pelo que estava vestindo, por ter um assistente, pela forma de se expressar, pela presença, vivacidade, não sei explicar bem, mas levava aquele aspecto de "quem é mesmo esse?". Quem quer que fosse, não esqueceu a gentileza. Se era político, famoso, apenas rico, não sei. A cena foi bonita de ver. E se fosse político, só pelo gesto, eu votaria nele.

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