Sobre o aniversário de Fortaleza

Sai de Fortaleza há 6 anos. Morei numa cidade pra onde nunca gostaria de voltar, numa outra que voltaria e ficaria, e moro hoje numa que amo e ficaria pra sempre. Aprendi nesse troca-troca a diferenciar a cidade das pessoas que estão nela e também a avaliar uma cidade com as pessoas dela. Esses prismas mudam toda a visão das coisas. Não existe cidade perfeita. Existe a forma como se relacionam com ela.

Sempre que penso em voltar pra Fortaleza, me dá um frio na barriga. Porque ela não está a cidade onde eu gostaria de envelhecer, mas é onde isso deve acontecer. Ela está violenta, árida, distanciando cada vez mais as pessoas, fria, ácida, desafiadora. O frio na barriga é porque ela continua sendo minha e nada que é meu eu deixo descuidar. O frio na barriga vem da minha veia protagonista. Não vai dar pra voltar um dia e aquietar diante do que ela tem se transformado ou não transformá-la. E não é um caminho fácil. Ou claro. Como fazer algo? A falta de resposta é de onde vem o frio na barriga.

Nesse tempo de transformação que estamos vivendo, esse aniversário me parece um convite a transformá-la. Cada qual com sua resposta, do seu jeito, no seu tempo. O manifesto pode ser silencioso. Mas que seja.

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