Gaveta de calcinhas

O dia amanheceu diferente. Havia uma sensação de novo, de que nao daria mais pra dar continuidade a tudo aquilo de antes. Decidiu arrumar as calcinhas. Há tempos lhe incomodava ver todas elas misturadas: as de antes e as de agora. Separou todas as que estavam no passado e que se misturavam e faziam volume no meio das outras, confundindo cada vez que ela abria a gaveta.
As do passado eram muitas: volume, historia e falta de utilidade. Foram todas pra uma sacola qualquer fora da gaveta e fora do armário. Fim. Sobraram os três tipos que faziam sentido. Duas específicas para ocasiões e lá estavam elas - as novas: poucas, recentes, imaturas, úteis, definitivas. A partir dali seria assim: o novo, por menor volume que tivesse, ganharia importância de ocupar todo o espaço que havia. A gaveta parecia vazia. Mas ela sabia que para dar espaço ao que estava por vim, precisava esvaziar o que havia restado.


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