A mãe de Luma

19 anos, pequena, firme nas palavras, doce, muito doce. Gostava de ler - "desde que fosse romance americano" - e ver filmes no Netflix. Fazia aula de teatro, mas não gostava muito. Gostava de estudar, sempre gostou. Os irmãos também gostam. Só o mais velho que não, mas é barman e segue os passos do pai.
Tinha cinco irmãos de pai e mãe: 14, 15, 17, 18, 21 anos. Ela com 19. Moravam todos juntos, sob responsabilidade dos pais.
Ainda viviam também com mais dois irmãos por parte de pai, filhos fora do casamento, que a mãe fez questão de adotar.
Um dos irmãos era também primo. Sim, o pai traíra a mãe com a tia, que engravidou e deu a luz ao primo-irmão. A mãe criou todos e os tinha realmente como filhos - assim ela contou com orgulho. Fez questão. "Minha mãe ama meus irmãos como me ama. Sem distinção." Sim. A tal mãe perdoou cada traição e tem hoje as crianças, fruto das traiçoes, como filhos.
Todos adolescentes, dividiam o único quarto da casa. Dormiam em beliches - "mas é confortável e cabe todo mundo" - ela respondeu com segurança do que falava e já impedindo uma possível reprovação minha. Afinal, eram 4 beliches, 8 jovens, 4 meninas e 4 meninos, todos dormindo juntos, "mas tem muita união entre a gente", ela não me deixou pensar diferente: "a gente se ajuda e se respeita".

A mãe cobradora de ônibus, o pai garçon. A mãe, melhor amiga, o pai, um exemplo - assim ela define.

Quis conhecer mais essa mãe, saber mais sobre ela, mas não tive oportunidade e tempo. O fato é que tamanha grandeza dessa mulher, fez uma filha educada, bem instruída, ambiciosa, atenta, dona de si e amada. Sim, só muito amor pra reger um lar assim, tão peculiar, complexo e tão completo também.

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