Líder, para quem você está dedicando seu tempo?

Nesses vários anos liderando líderes e tentando ajudá-los a liderar, um das orientações que certamente mais dei foi o de “tenta não perder tanto sua energia com o fulano”, “tenta relevar quando beltrano tentar te irritar”, “tenta dedicar menos atenção aos que te trazem problemas e dar mais atenção aos que te trazem solução”.

Certamente essa é uma prática difícil no dia a dia, mas em que acredito muito. Sempre dediquei mais tempo a produtos que mais vendem e sempre dediquei mais tempo às pessoas que mais querem trabalhar, crescer, se desenvolver, entregar mais. Sempre me dediquei mais às altas performances, pra que elas se tornem ainda maiores.

Existem pessoas difíceis em todas as equipes, grupos, famílias. Podem ser mais sensíveis, improdutivos, preguiçosos, individualistas, com dificuldades cognitivas, podem não querer estar ali, etc. Estão ali por alguma razão, então considero que é pra desenvolver nos demais membros da equipe comportamentos mais humanos: paciência, compaixão, cuidado.

São pessoas que precisam de atenção e vão fazer por onde aparecerem, seja atrapalhando, seja de outra forma. Não necessariamente fazem por mal. Pode ser alguém fora de perfil; pode ser alguém com uma série de problemas consigo mesmo que acaba reverberarem em seus colegas de trabalho, pode ser alguém que não quer mais estar no grupo ou na empresa.

Gosto dessas pessoas. Sempre tentei aprender com elas. Enxergo pelo ângulo da diversidade: ninguém é igual e nem mesmo com os melhores processos seletivos, teremos uma equipe homogênea. E que bom! As diferenças são maravilhosas e bem vindas. Elas ajudam a gente a olhar por outro ângulo, nos desafiam mais, deixam as conquistas mais saborosas. Porém, quando se fala de entregas, de gestão de pessoas, entendo que todos os líderes que dedicam mais tempo de sua agenda e da sua energia a cuidar mais ou muito dessas pessoas, estão cometendo erros gravíssimos com os demais.

Muitas vezes já está claro que essa pessoa não permanecerá por muito tempo na equipe, seja por um motivo ou outro. Existe uma questão fundamental: entender se a pessoa quer ser ajudada, se quer estar ali naquele desafio com os demais. Muitas vezes não querem.

Ideal seria neutralizar sua intervenção colocando-o para trabalhar numa atividade de menor impacto ou risco. Isso lhe dará maior tranquilidade para entendê-lo e até ajudá-lo.

Então porque se dispersar tanto nos conflitos que ela traz? Se isso acontecer, a equipe não evoluirá e inclusive a relação com a pessoa “diferente” também não. Até mesmo pra ajudar “o diferente” a se enxergar de forma mais clara diante a equipe, é importante que os demais membros se unam, amadureçam, evoluam, sejam acompanhados, desafiados, desenvolvidos. E pra isso é necessário um bom líder dedicando tempo pra isso.

Os resultados das equipes aparecem quando a maioria está feliz, motivada, engajada num propósito. Uma equipe com líder estressado, que tá sempre resmungando contra o fulano que não ajuda não chegará a lugar nenhum. É como uma plateia ficar a esperar o show começar porque o cantor parou a banda pra pedir pra um convidado falar mais baixo porque está atrapalhando.


Certamente em nossas vidas haverá aquele “fulano” ou aquele problema que fica a tentar tirar nosso tempo, nossa energia e a nos dispersar do show diário que temos que tocar. Cabe a cada um dar atenção ao que de fato vai trazer retorno.

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