23o dia de quarentena

O tédio não vem. Chego a me sentir estranha porque o tédio não vem.

Quanto mais passam os dias, mais coisa surge pra fazer dentro dos dias, dentro dos meus livros e minhas ideias.
Não sinto medo.
Não sinto angustia.
Não sinto ansiedade.
Não me sinto sozinha.
Sinto só fome mesmo. Mas acho que sempre senti. Só to observando-a melhor porque a cada fome, preciso preparar algo pra comer.
Sinto arrependimento por não ter comprado e instalado uma máquina de lavar louça.
Sinto uma cobrança por não ter ainda achado uma forma de ajudar pessoas que passam por necessidades. Optei por estar perto dos meus e tenho me envolvido com isso de forma dedicada. Mesmo assim, me vejo cutucada quando vejo tanta gente fazendo campanha, arrecadando fundos e etc.
Sinto preguiça de lavar a louça.
Enxergo melhor o trabalho da Sandrinha e como preciso dela.
Sinto saudades da Bela. Mais intensamente porque lembro de como ela ficava preguiçosamente feliz em me ter em casa.

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